segunda-feira, 14 de abril de 2008

As mulheres no Contestado


Rosa Pais de Farias, filha do líder Chico Ventura, fazia as bandeiras do movimento e os uniformes dos Pares de França. Morou e morreu em Lebon Régis, no meio-oeste catarinense.
(Foto: Dario A. Prado Jr.)

Embora pouco reconhecidas pela literatura e registros da Guerra do Contestado, as mulheres tiveram um papel fundamental no conflito. Duas se destacaram na guerra por sua bravura: Maria Rosa, filha de Elias de Souza e Francisca Roberta, mais tarde conhecida como Chica Pelega.
Maria Rosa, aos 15 anos, em meio a orações, entrava em transe e discursava dizendo receber ordens do monge José Maria. Durante os transes tinha visões de batalhas e, daí em diante, era ela quem definia as ordens recebidas pelo espírito do monge para organizar o comportamento do grupo. Com o passar do tempo, além de líder espiritual, a virgem Maria Rosa se transforma em chefe militar e comandou a retirada estratégica, após a primeira batalha de Taquaruçú, em 1913, para o novo reduto em Caraguatá.
Chica Pelega, já respeitada em Taquaruçú por seu conhecimento e trato com ervas medicinais fica no reduto cuidando de doentes, velhos e crianças. Em 1914, as tropas do governo atacam novamente Taquaruçú onde ela luta bravamente.
Chica Pelega morre quando a igreja, tomada pelo fogo, desaba em cima do galpão onde se encontravam mais de 300 pessoas.
Rosa Paes de Farias, filha do grande líder Chico Ventura, foi uma das últimas sobreviventes da guerra e viveu até os 98 anos. Fazia as bandeiras de guerra e os uniformes dos Pares de França, tropa de elite dos revoltosos. Jamais se arrependeu da resistência. Afirmava: “Nós estávamos aqui e vieram nos atacar. O que havíamos de fazer? Resistir. Houve muita morte de lado a lado. Mas muito soldado passou para o nosso lado”.
O papel das mulheres menos conhecidas também foi fundamental. Enquanto os homens lutavam em várias frentes de combate elas cuidavam dos filhos, dos doentes e da obtenção e preparação de alimentos. Ao final da guerra foram tão humilhadas e maltratadas quanto seus maridos e filhos.

8 comentários:

Sônia disse...

Adorei! É louvável iniciativas que valorizam as pessoas que lutaram na Guerra do Contestado e muito mais, quando se trata de homenagear as mulheres. Parabéns pelo artigo!

Unknown disse...

parabens pele materia , muito boa mesmo !!!!!

Gione Maicko da Silva disse...

É incrível a história de tão gloriosas brasileiras que deram a vida por seus princípios,precisamos hoje de pessoas como elas.

Ivair Fernandes disse...

Parabéns pela HIstória. Sou Bisneta do Sobrevivente e participante da Guerra do Contestado João Ventura. Que tive o prazer de conhecer ainda com vida e ouvi-lo relatos sobre o fato ocorrido.

jonathan disse...

Gostaria muito que essa real história fosse retratada no cinema. É um capítulo que não podemos deixar de lado, até porque foi uma severa intervenção de grupos estrangeiros, e que deu origem a degradação moral das políticas públicas em nosso.país.

jonathan disse...

Gostaria muito que essa real história fosse retratada no cinema. É um capítulo que não podemos deixar de lado, até porque foi uma severa intervenção de grupos estrangeiros, e que deu origem a degradação moral das políticas públicas em nosso.país.

Delili Tibes disse...

Parabéns pela reportagem, com conteúdo muito rico em informações e detalhes, para entendermos um pouco mais da história da nossa terra e da nossa gente!

Unknown disse...

Rosa Paes de Farias foi minha tataravó, onde ainda tive o privilégio de conhecê-la logo após ao meu nascimento. Ainda hoje escuto as histórias contadas pela minha vó... Muito bom ver esta reportagem onde podemos recordar histórias que nos foram contadas.